A Irmandade dos Homens Pretos, da qual surgiu a Igreja do Rosário dos Pretos, foi criada por negros escravos, durante o período colonial, quando os “homens de cor” eram proibidos de assistirem aos cultos nas igrejas dos brancos. Em 1685 os negros começaram a se reunir em uma Irmandade, com apoio de jesuítas, e em 1704 conseguiram a doação de um terreno, pelo rei de Portugal para que criassem um espaço de culto católico destinado aos negros. Quando finalmente foi construída a Igreja (feita completamente pelos escravos), a intenção era que o padroeiro fosse Santo Antonio de Categeró, mas na época o Santo ainda não havia sido canonizado, e então foi consagrada como patrona a Nossa Senhora do Rosário.
Tanto a Igreja como a Irmandade tornaram-se símbolos de resistência da cultura africana e de manutenção da identidade negra. Na missa realizada às terças pode ser vista a conjugação da liturgia com a tradição afro. O ritual católico adquire ritmo, jeito e forma diferentes. Instrumentos musicais de origem africana, tais como timbal, atabaque e agogô, são utilizados em conjunto com o coral da igreja. Os cânticos entoados passam também a falar sobre a situação do negro e a apropriar palavras de línguas africanas em suas letras.
Próximo ao fim da missa entram devotos carregando cestas de pães (primeiro mulheres e depois homens), recebidas pelo padre e colocadas no altar para que os pães sejam benzidos. Em seguida os pães são distribuídos entre os devotos, ao mesmo tempo em que são passados o incenso, a bênção do padre com água benta e o dízimo. Como afirma o Padre Joseval:
Os pães têm uma ligação com o Santo Antonio, o mesmo Santo celebrado às terças na Igreja de São Francisco, também com o ritual de distribuição de pães. Santo Antonio era muito amigo e solidário com os pobres, então ele distribuía os pães, e tanto lá na Igreja de São Francisco, como na Rosário dos Pretos, a distribuição de pães é um símbolo para mostrar nosso desejo de viver em uma sociedade na qual todos tenham o pão, não só o pão material, mas o pão da cultura, da saúde, da educação, mas, sobretudo o pão do arroz, do feijão e do açúcar que é o básico para a sobrevivência humana.
A iniciativa em celebrar um culto a Santo Antonio de Categeró toda terça-feira e utilizando os mesmos instrumentos que são tocados no candomblé foi do Padre Alfredo, que foi responsável foi do Padre Alfredo, que foi responslmais eja. strumentos musicais de origem africana, tais como timbal, atabaque e agogo pela Igreja do Rosário dos Pretos na década de 1980. Desde então a missa se tornou tradição, sobretudo para moradores do Centro Histórico e arredores, muitos devotos do Santo negro.