domingo, 29 de junho de 2008

Batida do Olodum

Quando andamos pelo Pelourinho numa terça-feira e passamos pela Praça Tereza Batista, ouvimos o inconfundível toque de Olodum. O que é esta batida que fez tanto sucesso, e que inspirou a formação de diferentes blocos afros como Timbalada, Muzenza, Ara Ketu, Banda Feminina Didá e outros?

No toque do samba-reggae do Olodum podem-se observar influências musicais tanto de Salvador e do Rio de Janeiro como do Caribe, mais especificamente da ilha República Dominicana.

Para a “batida” do Olodum são utilizados como instrumentos um grupo de surdos, que marcam a parte das graves da “orquestra” de tambores, e as caixas, que fazem a parte de chamadas e padrões. Esta orquestração vem do samba batucada ou de enredo que é muito utilizada no carnaval carioca. A particularidade é que o padrão rítmico dos surdos estabelece uma fusão do samba batucada com o ritmo do merengue da ilha caribenha. O ritmo do merengue é tocado numa velocidade muito mais lenta pelos surdos. As caixas tocam, entre outros, um padrão rítmico que podemos ouvir num toque de candomblé de nação Ketu, chamado arramunha ou avamunha, onde é executado pelo gã (ou agogô). A clave do som cubano também tem este padrão rítmico. As caixas de repique fazem variações com golpes dobrados com as baquetas. Sobre o toque dos tambores, os cantores entoam seus versos e esta foi a fórmula que fez sucesso nos anos 1980. Mais tarde os blocos passam a utilizar outros instrumentos como instrumentos de sopro e um sintetizador.

.: Contribuiu para este texto o etnomusicólogo Yukio Agerkop.

Nenhum comentário: