quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pausa


O blog 15 mistérios terá uma pausa até maio ou junho.
Se você tem histórias ou causos do Pelourinho, envie seu texto para quinzemisterios@gmail.com.
Até a volta!


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Missa da Rosário dos Pretos


Toda terça-feira acontece na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos uma missa em homenagem a Santo Antônio de Categeró. A missa é promovida pela Irmandade dos Homens Pretos e é uma das mais freqüentadas, inclusive por baianos não devotos e por turistas.

A Irmandade dos Homens Pretos, da qual surgiu a Igreja do Rosário dos Pretos, foi criada por negros escravos, durante o período colonial, quando os “homens de cor” eram proibidos de assistirem aos cultos nas igrejas dos brancos. Em 1685 os negros começaram a se reunir em uma Irmandade, com apoio de jesuítas, e em 1704 conseguiram a doação de um terreno, pelo rei de Portugal para que criassem um espaço de culto católico destinado aos negros. Quando finalmente foi construída a Igreja (feita completamente pelos escravos), a intenção era que o padroeiro fosse Santo Antonio de Categeró, mas na época o Santo ainda não havia sido canonizado, e então foi consagrada como patrona a Nossa Senhora do Rosário.

Tanto a Igreja como a Irmandade tornaram-se símbolos de resistência da cultura africana e de manutenção da identidade negra. Na missa realizada às terças pode ser vista a conjugação da liturgia com a tradição afro. O ritual católico adquire ritmo, jeito e forma diferentes. Instrumentos musicais de origem africana, tais como timbal, atabaque e agogô, são utilizados em conjunto com o coral da igreja. Os cânticos entoados passam também a falar sobre a situação do negro e a apropriar palavras de línguas africanas em suas letras.

Próximo ao fim da missa entram devotos carregando cestas de pães (primeiro mulheres e depois homens), recebidas pelo padre e colocadas no altar para que os pães sejam benzidos. Em seguida os pães são distribuídos entre os devotos, ao mesmo tempo em que são passados o incenso, a bênção do padre com água benta e o dízimo. Como afirma o Padre Joseval:

Os pães têm uma ligação com o Santo Antonio, o mesmo Santo celebrado às terças na Igreja de São Francisco, também com o ritual de distribuição de pães. Santo Antonio era muito amigo e solidário com os pobres, então ele distribuía os pães, e tanto lá na Igreja de São Francisco, como na Rosário dos Pretos, a distribuição de pães é um símbolo para mostrar nosso desejo de viver em uma sociedade na qual todos tenham o pão, não só o pão material, mas o pão da cultura, da saúde, da educação, mas, sobretudo o pão do arroz, do feijão e do açúcar que é o básico para a sobrevivência humana.

A iniciativa em celebrar um culto a Santo Antonio de Categeró toda terça-feira e utilizando os mesmos instrumentos que são tocados no candomblé foi do Padre Alfredo, que foi responsável foi do Padre Alfredo, que foi responslmais eja. strumentos musicais de origem africana, tais como timbal, atabaque e agogo pela Igreja do Rosário dos Pretos na década de 1980. Desde então a missa se tornou tradição, sobretudo para moradores do Centro Histórico e arredores, muitos devotos do Santo negro.
.: Foto: Márcio Lima

domingo, 10 de agosto de 2008

Buraco Doce


No Centro Histórico dos anos 1930 estavam os principais equipamentos da cidade - instituições de ensino, culturais, do poder legislativo e executivo. O Pelourinho era espaço também de diferentes convívios, comércio e, especialmente, de boemia. É nesta época que começam a surgir os cabarés e prostíbulos da cidade.
O Buraco Doce era um prostíbulo diferente dos demais que havia no Pelourinho na década de 30. Era neste lugar onde trabalhavam as mulheres mais liberadas e desprovidas de qualquer preconceito sexual para a época. Localizado no Maciel de Baixo, zona de prostituição mais popular, o cabaré era freqüentado por homens e mulheres e, segundo indica o autor Anisio Felix, funcionou regularmente até a década de 1980.
Curiosidades guardadas neste cabaré são que o imóvel era de propriedade da Santa Casa de Misericórdia e que a mulher de roxo trabalhou durante alguns anos lá.

sábado, 2 de agosto de 2008

Gerônimo


"Só uma pessoa hoje faz um excelente trabalho. O Gerônimo. Apresenta-se todas as terças feiras na escadaria da Igreja do Passo. Faz um excelente trabalho musical, convida os melhores músicos e gente nova. Começou com meia dúzia de gatos pingados assistindo e hoje consegue preencher toda a escadaria, sem auxilio da imprensa, mas pela qualidade do trabalho". (Neguinho do Samba - em entrevista)

O show “O Pagador de Promessa” é organizado por Gerônimo desde 2002. Neste encontro musical, o artista toca suas composições e abre espaço para outros artistas se apresentarem. Atualmente este está sendo o principal projeto do músico que não conta, segundo o mesmo, com patrocínio ou apoio.

Em entrevista Gerônimo afirma que sua vida artística começou no Pelourinho. Além de ter morado no Centro Histórico, em 1979 e depois entre 1981 a 1985, sua música “Eu sou negão” torna-se, em 1987, um manifesto afro dos “guetos” como Pelô e Liberdade. Neste período Caetano também cantava “Eu sou neguinha?”. Segundo Gerônimo, “o que estava em jogo naquele momento era a luta pelo respeito às manifestações negras. E a gente não queria isso só no carnaval não”.

Gerônimo Santana Duarte foi músico do trio elétrico Dodô e Osmar, na década de 1970, tocou e saiu no Afoxé Filhos de Gandhi durante alguns anos e, assim como muitos artistas baianos nos anos 1980, também misturou a musica caribenha com o ijexá do candomblé em suas composições.

Segundo Gerônimo, a movimentação cultural no Pelourinho não tinha tanta força como tem hoje, as manifestações culturais eram espontâneas. Foi com os ensaios dos blocos afros que se começou a organizar uma agenda cultural do Pelourinho, atraindo uma população que antes não freqüentava a área.
A imagem, retirada do site http://www.musicapopular.org/, é do primeiro albúm do artista, lançado em 1983.

Resultado da enquete

Ao lado podemos ver o resultado da primeira enquete sobre o Pelourinho. Perguntei sobre a frequencia em que os visitantes deste Blog iam ao Centro Histórico. Das 32 pessoas que responderam, metade (16) afirmam que vão ao Pelorourinho 1 a 2 vezes por ano. Considerando que a maioria dos visitantes do Blog são soteropolitanos este número não é nada animador... Poucos em Salvador frequentam o Centro Histórico como espaço de lazer, apesar de termos neste local uma programação cultural intensa e que não se resume a ofertas para turistas. Parece que o que nos falta é mesmo hábito de ir ao Pelourinho.

Da enquete temos 2 pessoas que moram no Centro Histórico e 3 que diariamente (ou quase) vão lá. 6 afirmaram que de 1 a 2 vezes por semana dão uma passadinha pelo Pelô e mais 5 que aparecem de 1 a 2 vezes por mês... Ninguém respondeu que nunca foi ao Pelourinho - ou seja, preciso divulgar mais o blog entre os turistas!

Boa Imagem [julho]


Durante o mês de julho vimos o Pelourinho sob a perspectiva do fotógrafo português Da Maia Nogueira. Em seu blog podemos conferir registros de espetáculos teatrais e, sobretudo, de muitas viagens. Visite: http://www.flickr.com/photos/maianogueira

sábado, 26 de julho de 2008

Batatinha

Oscar da Penha, mais conhecido como Batatinha, nascido em 1924, foi criado no Centro Histórico, sendo este local referência também de diversos sambas que compôs.

A particularidade da obra deste sambista está em introduzir elementos da cultura local em suas canções. Elementos da capoeira, da culinária tornaram-se propostas estéticas, misturando melodias, danças e receitas da cultura afro. Canções como Olha aí, O Vatapá, Samba e Capoeira, O que é que há, Iaiá no Samba, Receita de Feijoada e Doutor Cobrador, são algumas que retratam o ambiente do Pelourinho.

Batatinha, durante os anos 1950, participou de concursos de composição para o carnaval de Salvador, promovidos pela Rádio Sociedade. Nunca ganhou em tais concursos, mas seus sambas faziam sucesso no carnaval.

Em 1960, ele perdeu mais um desses concursos com a composição Diplomacia cantada por Humberto Reis. O samba, entretanto, entrou na trilha sonora do primeiro filme de Glauber Rocha, “Barravento”. Nesse mesmo ano, Batatinha começa a ser reconhecido pela crítica especializada depois que o sambista carioca Jamelão gravou Jajá da Gamboa.

Esse fato chama a atenção dos intérpretes para o talentoso compositor negro baiano. Maria Bethânia seria o primeiro grande nome da MPB a lhe dar vez, gravando, em 1964, os sambas Diplomacia, Toada da Saudade, Imitação e a Hora da Razão nos shows do Teatro Opinião e no show do álbum "Rosa dos Ventos". Depois, ela gravaria ainda a marcha A História do Circo. Em 1966, o sambista baiano Ederaldo Gentil o convida para musicar a peça teatral "Pedro Mico" de Antônio Callado. Ele compôs ainda o samba Espera que foi gravado pela cantora maranhense Alcione. (www.facom.ufba.br/musicanordestina/batata)

Em 1973, os sambistas Riachão e Batatinha (aos 49 anos) dividem o LP “Samba da Bahia”, gravado no Teatro Vila Velha por iniciativa de Paulo Lima e Edil Pacheco. Neste disco estão os sambas-canção Diplomacia, Ministro do samba, Inventor do Trabalho e o Direito de Sambar. Em 1976, Batatinha grava seu único álbum-solo, “Toalha de Saudade”.

Batatinha viveu na pobreza, mesmo assim o sambista incentivou e promoveu diversos eventos ligados ao gênero, como a "Segunda do Samba" e o "Dia do Samba", realizados no Largo do Santo Antônio e do Terreiro, respectivamente.

Faleceu no ano de 1997, tendo registrado apenas dois álbuns em toda sua trajetória artística. Como obras póstumas foram gravados os álbuns “Diplomacia” e “Batatinha - 50 anos de Samba”.