terça-feira, 8 de julho de 2008

A Mulher de Roxo


Uma mulher, vestida de roxo, com roupas longas, mantas compridas, um grande crucifixo e uma Bíblia na mão tornou-se um mito popular do Centro Histórico nos anos 1970. Sua vestimenta, seus acessórios e o modo como ficava nas ruas – sentada, sem conversar ou pedir esmola – suscitava na imaginação dos que a viam o ar de uma mendiga, de uma santa ou de uma louca. A mulher de roxo ficava próximo à loja Slopper, na Rua Chile, local onde as damas da sociedade baiana se reuniam para comprar roupas.

Alguns afirmam que ela se chamava Doralice, outros Florinda. Alguns afirmavam que ela ganhava as roupas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, outros que ela mesma costurava retalhos roxos e transformava-os em vestidos. Estórias sobre a vida e o por que daquela mulher está nas ruas está presente em livros, contos publicados em jornais e até em vídeo.

Segundo Anísio Félix, a Mulher de Roxo “apareceu nos anos 1960 na zona do Pelourinho, exatamente na casa de número 6 da Rua Gregório de Mattos, em um bordel conhecido como Buraco Doce. Ela era uma mulher muito bonita, cabelos negros longos, vestidos caros e jóias” (FÉLIX, 1995, p. 101). Depois passou a morar nas ruas.

Em alguns momentos a Mulher de Roxo perambulava pelo Centro Histórico vestida de noiva, com buquê, véu e grinalda. Com isso surgiu a lenda de que havia sido abandonada no altar, ou que era uma ex-freira expulsa por causa de um namorado, ou que tinha um filho que a rejeitava, que já havia sido muito rica, que era professora, e por tudo ou nada disso, tinha enlouquecido. Nada se sabe. O que se tem certeza é que em 1993 e por alguns anos a Mulher de Roxo esteve internada no Hospital Santo Antonio, organização das Obras Sociais de Irmã Dulce.
.: Foto retirada de http://blogdogutemberg.blogspot.com/ [neste blog tem também uma matéria sobre a mulher de roxo!]

16 comentários:

Fernanda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmina Burana disse...

...hoje nao moro mais em Salvador; mas quando eu tinha uns 6 anos de idade e passeava com a minha mae no centro da cidade sempre a via na porta da antiga Slopper, apresar da minha pouca idade ela me intrigava e ate hoje me fascina...queria saber mais sobre ela.
Tao alheia, tao eterea, tao classica ... nao a via como uma santa, para mim era como se ela fosse uma musa...uma inspiracao...mas tambem me dava um frio na espinha quando eu passava por ela.

Carmina Burana disse...

Continuando...certa vez a minha mae fez para mim uma sainha de croche com um resto de linha roxa, vesti uma blusa branca e a tal saia fomos passear no centro da cidade e ao passarmos perto da mulher de roxo, ela tocou a barra da minha saia e disse : que saia linda! tenho ate hoje este momento eternizado na minha memoria...ela tao distante , tinha percebido a minha saia!!!!!!!! foi muito legal...inesquecivel mesmo.

Carmina Burana disse...

...hoje nao moro em Salvador , mas me lembro quando passava pela slopper-eu devia ter uns 6 anos de idade- me impressionava ve la; a sua imagem me intrigava muito apesar da minha pouca idade na epoca...sempre quis saber quem era mesmo essa misteriosa mulher.
abraco
grace
gracelimam@hotmail.com

Giuliana Kauark disse...

Grace... Não cheguei a conhecer a Mulher de Roxo, só mesmo a sua história... bom ter um relato de alguém que se viu e se emocionou com esta figura lendária! valeu!!

kika disse...

sempre me fascinei com a historia dessa mulher, e assim como eu muitas pessoas de salvador tbm gostariam de mais informações mas talvez pela falta de certeza a historia se torne tão interessante. Assim como Jaime Fygura que me causa curiosidade, admiração e desconforto...

E R A D E O U R O - histórias sebastianenses disse...

FUI GLORIOSO EM CONHECER AQUELA FIGURA INIGMÁTICA, TÃO DISCRETA QUE A SUA VIDA FEZ ANALOGIA À SUA MORTE: "MORREU EM PROFUNDO SILÊNCIO".

NÃO É SABIDO MUITO SOBRE ESSA FIGURA, CARISMÁTICA, MAS, NA REALIDADE, É QUE SALVADOR DOS ANOS 70 DEIXOU DE EXISTIR QUANDO SE FALA EM "MITOS URBANOS" E INIGMÁTICOS.

Isaura Lima disse...

Ainda pequena quando eu ia na Slouper fazer compras com minha mãe, ela sempre que me via queria pegar nos meus cabelos e eu chorava com medo dela. Mas achava ela uma mulher facinante,ao mesmo tempo misteriosa com roupaz de veludo roxo colares puseiras,aneis. varios aneis, é uma pena saber muito poco de uma figura que marcou tanto.

André disse...

Tenho 40 anos e quando tinha meus 10 a 12 anos tb me lembro dela passeando pela avenida sete. Ao contrário do que falaram ai de que ela não pedia dinheiro, não é verdade! Ela chegou a me pedir dinheiro em um dia em que passeava com minha mãe, mas tive até um pouco de receio quando me pediu pois era uma criança.

Celeste disse...

Lembro bem da figura da Mulher de Roxo! O que me entristece é saber que pouco sabemos dela porque eu creio que ninguém, assim como eu, nunca paramos pra conversar com ela. Lembro uma vez que ela me pediu dinheiro, eu devia ter uns 19 anos, e a voz era muito fina e baixa. Quase não se ouvia. Dei o dinheiro e segui. Se fosse hoje teria parado pra conversar com ela. Tenho certeza que me sentaria no passeio ao seu lado, pra saber o que poderia fazer por ela. Enfim, são os tempos! Ela partiu com os seus mistérios, que só interessava a ela!

atividades disse...

Hoje recebi uma foto " Da Mulher de Roxo"...Perguntando: Quem lembra?...Imediatamente, me vi com a minha mãe entrando na Slloper e lá estava ela...Toda arrumada,com movimentos leves,voz suave e olhar firme! Ela pedia dinheiro,mas,não era em um tom ameaçador... Como eu era criança, tinha medo pois contavam exatamente que ela havia ficado louca porque o noivo deixou no altar, as vezes aparecia vestida de noiva,ou de preto( diziam que era luto)...
Sinto muito por não termos tido a oportunidade( na época) de acolher, valorizar alguém que estava clamando por atenção!

Rosana disse...

Sempre fui fascinada pela Mulher de Roxo. Lembro dela como se fosse hoje...eu amava ir à Slopper, não pela loja em si, mas para ver aquela mulher que me intrigava e fascinava. Tenho o livro que conta a história dela e guardo como uma relíquia. Nunca tive medo...meu sonho era parar e conversar com ela, mas ela sempre ficava na dela e nunca me deu chance rss

Daniel Cajuí disse...

Lembro que quando criança na porta da loja Slloper e ou nos arredores da Rua Chile la estava ela imponente a pedir esmolas.
Sentia um misto de medo e emoção ao encontrar com ela...os anos se passaram e eu já adulto,como estagiário de Enfermagem,voltei a ter contato com ela no Hosp Irmã Dulce onde ela permaneceu internada por alguns anos,vindo a falecer no final da década de 90
No acervo do Irdeb TV Educado tem um excelente documentário que conta toda a trajetória de vida da enigmática e pitoresca Mulher de Roxo
Uma verdadeira lenda urbana Soteropolitana

Colégio Acadêmico disse...

Meu nome é Léa,tenho 54 anos, quando cheguei de Sap Paulo para morar aqui,costumava ir ao centro com minha mar,já era curiosa e tinha uns 14 anos. Por muitas vezes me depareicom a mulher de roxo, mas na realidade ela usava muito o preto e o marrom. Ganhava sobras de tecido nas cores dos comerciantes que vendiam tecidos.
Usava um crucifixo meio cor de bronze sem brilho,não usava sapatos tinha os pés inchados e as unhas por fazer.
Um dia na porta da loja Lobras ,que era um de seus locais por ter uma cobertura mais ampla nos dias de chuva se abrigava ali.
Onde tinha uma loja de causa de nome Tamba, sentada esperando minha mãe que escolhida mercadorias na tal loja Lobras (Loja Luso-brasileira) ,está senhora de nome Doralice sentou ao meu lado e disse
-Você me da uma moeda?
- Te desculpe,mas nso tenho.
- Obrigada por sua atencao. De onde você é , perguntou-me.
- Sou de São Paulo,por que?
- Você fala difetente!
- RSS , a senhora acha?
- Sim, sou do interior,morava em uma fazenda,mas meu pai me colocou no colocou no Convento das Merces, você conhece?
- Não!
- Fica ali mais acima (apontando)
estudei lá e dei aula.Quando sai de lá.
-Mas a senhora faz oque na rua, não tem família?
- Tive,fui noiva e papai não aprovou o pretendente,aí me internou.
- Achei que a senhora fosse uma freira!!!
- Não pude ser pois me perdi e papai deu a crianca,não deixou-me ficar e nem meu noivo pode ver. Não pude casar com meu pretendente e casei com a alma dele,pois papai o deixou a vida. Por isso meu vestido tem essa cor, ainda guardo luto.
Neste meio tempo minha mae chegou deu boa tarde (ela era Kardecista), perguntou-lhe se eu a incomodava,de imeciatocom sua voz calma e branda disse" De forma alguma senhora".
Minha mae perguntou se ela tinha fome e ofereceu um lanche,ela aceitou e minha mãe comprou algo que não me recordo,mas ela era uma pessoa de muita educação um português claro e correto.
Vi esta senhora por muitas vezes ainda ,nunca tive medo ou receio.
Nao sei se oque ela disse era verdade,mas nunca edqueci aquele dia.
Acho que o tempo que eu passei falando com ela todas as pessoas olhavam com estranheza,mas uma coisa garanto, ela era gentil,educada,discreta,tinha um riso muito discreto quase imperceptível e falava do tal pretendente que o pai supostamente deu cabo com os olhos tristes quase com lágrimas.
Depois soube por um funcionário do Colégio São Bento que foi internafa com pneumonia no Hospital Santo Antônio de irmã Dulce. Fai nunca mais a vi.

Rosana disse...

Léa, que sorte a sua de ter tido oportunidade de conversar com ela.
Realmente, ela falava muito bem, era super educada, de familia tradicional e não mexia com ninguém, só parava as pessoas para pedir "uma moedinha pra comprar uma comidinha"
Nunca a encontrei na Lobrás e sim na Sloper (morro de saudade dessa loja rsss)
Não sabia dessa parte da criança. O livro que conta a história dela não menciona, mas nada impede que tenha existido mesmo.
Ela realmente ficou internada lá no Hospital de Irmã Dulce e acabou falecendo lá. :(
Eu também nunca tive medo dela, pelo contrário, sempre tive vontade de parar e conversar, mas não dei a sorte que você deu.:)

Unknown disse...

Eu tinha na época uns 12 anos de idade aí muito na avenida 7 sempre cruzava com ela andando de um lado a outro perambulando pela Av 7 . Confesso que tinha medo, quando a avistava atravessava a rua rápido com medo dela, mas na verdade ela não fazia mal à ninguém, só pedia mesmo era dinheiro. Velhos tempos esse.